Por estas bandas tive o prazer de arrumar ingressos para eventos bem edificantes, como hóquei na grama, arco e flecha e tênis de mesa. E também vi semifinais do tênis e partidas de basquete na primeira fase. Se eu somar o preço de todos os ingressos, gastei 250 reais. Comprando com agência de viagem e cambista.
Bem módico.
Mas para um chinês médio, cujo salário não passa de 200 reais, gastei uma fábula. Nas cacetadas de vezes que perguntei --com ajuda de tradutor-- se taxistas, garçonetes e aposentados tinham conseguido ingressos, a resposta que obtive quase sempre foi a de "não tenho dinheiro para isso". Não tinham mesmo.
Só em julho o núcleo da inflação na China --tirando combustível e comida-- bateu nos sete por cento. Os salários têm reposição ocasional, mas nem um crescimento de 20 por cento ao ano sustentaria isso para os caras, que estão vendo os preços da comida deles disparar. Uma das razões para isso são, surpresa!, os Jogos Olímpicos.
Pelo que contaram algumas das pessoas daqui, os vendedores mais simples, de agricultura familiar, costumam fornecer produtos para mercados de todo tipo. Esses vendedores, quase sempre de fora da cidade, não podem entrar. Caminhões de maior porte também não entram, por medo de que possam carregar armas.
Uma questão de segurança.
Vai chegando o fim das Olimpíadas e a impressão que se tem de algumas pessoas é de que será um alívio. O governo alertou há tempos que as amarras mais fortes durariam até o fim das Paraolimpíadas, mas já há quem pense que esse estado de Pequim quase sitiada não vai se manter por muito mais tempo.
Fico pensando se para um chinês médio, que viu o governo falar nessas Olimpíadas por sete anos, valeu a pena o esforço. O preço da comida subiu, o trânsito das pessoas pelo país deu uma boa desacelerada e os empresários que ganham mais de 400 reais ao mês já dizem que esse período desacelerou os negócios.
Propaganda é a alma do negócio?
Mudamos (01/16)
Há 8 anos
Um comentário:
Caro, acho que existe uma confusão na parte que fala dos cambistas e da dificuldade do chinês "comum" em comprar ingressos. Se alguém deixou de ir, não foi pelo preço dos ingressos, propositalmente baratos justamente para dar chance a todos. Foi por uma certa confusão na venda e pela ação predatória dos cambistas (também chineses na origem, embora estrangeiros tenham entrado no mercado via chineses).
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