segunda-feira, 30 de junho de 2008

CQC, Skol e o Congresso


Acho engraçado esse programa Custe o Que Custar, chefiado pelo apresentador Marcelo Tas. Mas já tem muita gente ganhando bem para falar dele. Como sou blogueiro de graça, vou me concentrar nas críticas à ridícula campanha para que essa atração humorística ganhe ar jornalístico e, assim, acesso ao Congresso Federal.

A produção do CQC se diz vilipendiada e vítima de um crime de censura porque não podia ter acesso a suas fontes no Congresso, uma vez que o programa não era considerado jornalístico o bastante. Gritaram na TV para terem seus interesses atendidos e, finalmente, obtiveram a licença para entrar.

Mas como é que pode se dizer jornalístico um programa no qual TODOS os apresentadores e supostos repórteres fazem propaganda para uma marca de cerveja? Será que se um dia houver uma CPI da Skol o CQC vai escarafunchar as sessões para fazer piadas com diretores da dona da marca? Eu duvido muitíssimo.

Não cabe aí a comparação com os programas esportivos. A TV Globo, principal veículo de mídia do país, há anos separa o setor de esportes do jornalístico. São atrações diferentes. E eu sinceramente não conheço nenhum telejornal que tenha apresentadores ou repórteres fazendo propaganda deslavada do que quer que seja.

Então por que o privilégio para o CQC?

A verdade é que essa atração humorística se deparou com uma barreira que parecia intransponível e viu a saída em se autoproclamar jornalístico. Se o Congresso aceita essa desculpa, só posso dizer que me sinto ultrajado.

Ultrajado porque os jornalistas que ali estão passaram anos cavando reportagens e estudando para ocuparem aquele espaço. O salário deles depende do material jornalístico que eles produzirem. Enquanto isso, o pagamento da equipe do CQC já é garantido pela Skol --a única cerveja cuja marca será associada ao Congresso.

Tá certo que isso não é grande vantagem. Mas não podemos ser praticamente obrigados a concedê-la, sob pressão deslavada, já que ninguém gosta de parecer doente de falta de bom humor.

Agora que o CQC foi aceito pelo Congresso como programa jornalístico, é hora de começar uma campanha para eles pararem de fazer publicidade associados à casa que deveria ser do povo. Propaganda pode combinar com humor, mas não com jornalismo.

sábado, 28 de junho de 2008

A fantasia direita-esquerda

Não será vazio de sentido o exercício que propõe este Politicômetro no site da Veja? De acordo com ele, estou na centro-esquerda liberal do pensamento ideológico. E isso porque ao mesmo tempo em que concordo com muitas das ações do Movimento Sem Terra, defendo, por exemplo, a instituição de algum ensino religioso nas escolas de todo o país, ainda que eu seja agnóstico.

E isso explica o quê? Nadica.

Até que ponto isso me aproxima de outras figuras que incluiria na centro-esquerda liberal, como o ex-governador Geraldo Alckmin ou o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu?

Eles são, tenho certeza, tão moderados quanto eu.

Esse tipo de classificação ideológica é inútil não apenas porque o Muro de Berlim caiu há duas décadas. A questão é que as pessoas e os partidos hoje gravitam em torno de idéias pontuais que nem sempre têm relação com a linha ideológica que supostamente abraçam. Isso é, quando abraçam alguma delas.

Acho bom que seja assim, para incluir cada vez mais gente no processo de tomada de decisão e de construção do posicionamento político. Leva tempo, mas no fim isso acaba maturando. E acaba maturando porque agora a política é feita de consenso.

Os grandes enfrentamentos parecem longe de retornar. Isso certamente deixa tudo mais chato, mas permite uma construção que extrapola barreiras ideológicas e partidárias --apesar de isso nem sempre se aplicar ao Brasil, onde o governismo e o fisiologismo unem todo pensamento, por mais diverso que seja.

O fato é que há algumas décadas seria improvável unir guerrilheiros e defensores do Regime Militar em torno da defesa do meio-ambiente. É o que vemos quando Fernando Gabeira e Jorge Bornhausen, supostamente antagônicos, tomam essa bandeira como fundamental para a política do século 21.

Ou ainda quando vemos tucanos e petistas, adversários ferrenhos, com fraturas internas entre quem ama o livre mercado e quem tem profundo desprezo por ele.

Nesses nossos tempos não há linha mestra a ser defendida nem inimigo a ser enfrentado que esteja fora de nós mesmos --isso, é claro, falando das sociedades minimamente democráticas.

Certamente o individualismo exacerbado desta época conta para a forma como se faz política, mas é inevitável que dentro de algum tempo isso se transforme. Não estamos diante de um impasse entre uma ideologia ou a bárbarie e a vida hoje não é pior do que era há cem anos, ainda que não falte quem diga o contrário.

Talvez esse politicômetro sirva apenas para mostrar que, com tanta idéia circulando e em tamanha intensidade, os conservadores puros de esquerda ou direita logo serão peça de museu.

Melhor assim.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Gratidão é coisa do passado


Vejam só Ronaldinho Gaúcho, duas vezes melhor jogador do mundo. Há alguns anos ele trocou o Grêmio pelo Paris Saint Germain em uma transferência que não rendeu ao clube gaúcho quase nada. Não há gremista que não se ressinta do fato de o astro, antes um pobre morador da periferia de Porto Alegre, ter aceitado os milhões do clube francês em vez de continuar financeiramente quebrado.

A transferência se deu dentro de todos os limites legais e o que foi incompetência do Grêmio na hora de fazer contrato com Ronaldinho virou mau caratismo do jogador que foi formado nas categorias de base do clube. Anos depois, esse tipo de torcedor deve ter se sentido vingado pela cara-de-pau e desfaçatez do Barcelona, que tratou o jogador como um patrão bem vagabundo.

Sem cerimônia, o clube catalão, que ganhou milhões de euros e títulos importantes graças ao mágico Ronaldinho, diz que o jogador não lhe interessa mais. E para pressioná-lo a sair logo, promete não liberá-lo para disputar a Olimpíada de Pequim --um torneio que ele pediu para disputar para sair da modorra do banco de reservas azul-grená e das críticas espanholas-- caso fique.

Não importou nada a história de conquistas do jogador no clube. O importante era retirar os símbolos de uma geração (leia-se administração) que foi substituída (derrotada politicamente) por uma nova geração (uma nova administração).

Gratidão nenhuma. Respeito nenhum.

Olhando para o que acontece neste momento, a escolha de Ronaldinho de deixar o Grêmio sem que o clube gaúcho ganhasse muito por isso parece ainda mais acertada. O jogador aprende desde cedo que tudo que os dirigentes querem com ele é fazer dinheiro e fama. Quando o patrono muda, surge um sucessor e a vida segue.

Cansei de ver dirigente reclamar do pouco compromisso dos atletas com as camisas dos seus clubes, reclamar de como os empresários mandam nos atletas e essa obviedade toda. Mas esses mesmos dirigentes, como os do Barcelona, nos lembram sempre como são ainda mais movidos pelo dinheiro e pela politicagem barata.

Às custas da nossa paixão e dos nossos ídolos.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Tevez é melhor que Cristiano Ronaldo



Noventa minutos do jogo contra o adversário mais tradicional que Portugal já enfrentou em uma competição oficial. E Cristano Ronaldo passou o tempo todo escondido atrás dos zagueiros alemães. Resultado: Alemanha 3 x 2 Portugal. Nada do chamado craque do ano. Depois da partida, coitado, ele revela que está com uma lesão no pé há três meses.

Ah, claro.

Na final da Liga dos Campeões, contra o Chelsea, o sumiço foi igualzinho. Marcou um gol de campeonato paulista, de tão desmarcado que estava, e passou o resto do jogo se escondendo. Ainda perdeu um pênalti que só não foi decisivo por causa do escorregão do brioso capitão azul, John Terry.

O melhor jogador do mundo em 2008, convenhamos, é um amarelão.

Tornou-se um dos maiores artilheiros da Europa marcando gols no Reading e em outros adversários menos relevantes ainda. Não foi decisivo em nenhuma partida crucial para o Manchester United na temporada. Foi bem em muitas, é verdade, mas decidiu pouco.

Carlitos Tevez, sem a mesma velocidade, sem a mesma mídia e certamente sem a mesma beleza do modelete lusitano é mais jogador. É mais técnico, tem mais brio e tem mais capacidade de mudar um jogo que parecia perdido.

Fez isso no Boca Juniors, no Corinthians, na seleção olímpica argentina, no West Ham e só não fez mais pelo Manchester United porque o senhor Alex Ferguson o usa menos do que deveria. Se Cristano Ronaldo for mesmo para o Real Madrid, o argentino será no clube inglês um dos principais nomes do futebol mundial em 2009.

Podem anotar.

Tevez certamente não fala inglês tão bem quanto o gajo. E não tem cabelos e pele mais agradáveis para as moças verem. Não é nada europeu. Mas que tem mais bola, ah, isso ele tem.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Três curtos comentários

1 - O horroroso crime cometido pelos militares que entregaram três jovens para serem mortos por traficantes no fim de semana passado serve, ao menos, para conter os animos dos muitos reacionários que defendem a presença das Forças Armadas em áreas conflagradas das grandes cidades brasileiras. Há décadas qualquer especialista com o mínimo de noção diz que esse trabalho só deve ser feito pela polícia.

Essa é mais uma demonstração de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não entende pica de segurança pública. Em 2007 comparou os criminosos do Rio a terroristas, como se houvesse algum fim no tráfico de drogas carioca que não fosse o lucro. E agora essa ocupação ilegal, unicamente para garantir segurança ao projeto do seu preferido na eleição para prefeito do Rio de Janeiro.

2 - Nos Estados Unidos, a primeira-dama Laura Bush defende Michelle Obama, esposa do candidato democrata à Casa Branca. Diz que foram mal interpretados os comentários da possível sucessora, casada com o líder da oposição contra o seu marido, o republicano George W.Bush. Michelle lhe escreve uma carta de agradecimento.

No funeral de um jornalista, os candidatos John McCain e Barack Obama se sentam lado a lado e conversam respeitosamente. Falei com cinco americanos e todos acham isso tudo normal. E nós achamos que são eles que têm uma sociedade doente. Intrigante.

3 - O resto do país está começando a adotar uma idéia nascida em São Paulo e que já se espalhou para o Rio de Janeiro: não dá para gostar da seleção brasileira. Não há identificação entre torcida e equipe. Não há emoção em torcer por um time que nunca atua no país e só faz amistosos caça-níqueis. E isso não é culpa do Dunga ou do mau futebol de alguns jogadores. É uma questão de (falta) planejamento e visão (míope) da CBF. É simples assim.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Uma resposta corintiana


Por pouco o Corinthians não conquistou seu terceiro título da Copa do Brasil. Mas chegar à final do torneio já demonstra que a trajetória do clube na competição foi inesquecível. Não porque o troféu seria novidade no Parque São Jorge, mas porque nunca houve dentro de campo uma reviravolta tão rápida.

Nunca.

Desafio quem quiser a provar o contrário.

Há seis meses assisti ao rebaixamento do Corinthians para a Série B com algum conformismo. O clube tinha sido mal administrado demais (e ainda é) e a equipe era fraca além da conta para merecer um destino que não fosse o descenso.

Um resultado justo.

Mas o que não foi nada justo em 2007 foi o Corinthians ser alçado à condição de Zé Dirceu do futebol nacional. Tudo de negativo que dissessem, comprovado ou não, só podia ser verdade, berravam nas ruas e na mídia. Os choros históricos contra o clube foram revividos em um único ano, como se tudo estivesse relacionado.

Os erros de arbitragem contra o Corinthians se tornaram vestais da imparcialidade dos árbitros. Criticar o clube na mídia se converteu em sinônimo de ponderação. Nas ruas e escritórios, o preconceito de classe calcado no binômio corintiano-desonesto se fortaleceu sem censura, em meio a piadas nem sempre limitadas ao futebol. E os ódios regionais se canalizavam, com a mira centrada no alvinegro.

Os comentários do treinador Mano Menezes são exagerados para o jogo final contra o Sport –os dois times foram prejudicados e o Corinthians não perdeu por influência decisiva da arbitragem. Mas ajudam a explicar o sofrimento do time fora de casa desde o controverso Brasileirão de 2005.

Ao longo do último ano, muita gente estrapolou e desrespeitou o Corinthians e a sua torcida sem dó. Confundiram uma mancha na história do clube com o seu espírito, como se o clube e a torcida fossem um mal a ser extirpado da Terra.

Esses os mesmos comemoraram o título do Sport com a maior alegria do mundo. Nada contra. Até porque atenua a dor da derrota saber que eles comemoram não um vexame corintiano, mas sim por de alívio. Agora muita gente tenta esconder os próprios fracassos, como se apenas o surpreendente Corinthians tivesse perdido em um ano que tinha tudo para ser azedo no Parque São Jorge.

A tradução dos fogos de artifício com a derrota do Corinthians é: ainda bem que eles não ganharam essa, senão iam ficar insuportáveis. Há quem finja rir, mas na verdade estão muito preocupados com um clube que mostra tamanho poder de reação.

E isso sem ajuda de verdade da diretoria. Apenas porque o clube é grande demais e atrairia interesse até na Série Z.

Há quem torça por outros clubes e saiba se portar. Assim como há corintianos que não sabem. Há também quem entenda que secar o adversário é diferente de hostilizá-lo. Para esses, o jogo é jogado, no rebaixamento, na Copa do Brasil ou onde for.

Mas essa recuperação corintiana, que está apenas começando, não são esses que vão ter de engolir a seco. Quem vai se dar mal por ter subestimado o Corinthians são todos aqueles que encontraram sentido no futebol apenas na torcida contra o alvinegro que tanta gente ama. Nunca se deve subestimar o Corinthians. Nunca.

Que se prepare o palmeirense que comemorou mais o rebaixamento do rival do que lamentou a própria derrota em casa em um jogo que o classificaria para a Libertadores deste ano. E que há pouco tempo disputou a segunda divisão com muito menos atenção da mídia e menos sucesso esportivo.

Que se prepare o colorado, ainda com espírito de Municipal, que torceu contra a própria equipe para ajudar a rebaixar o time que o bateu no Campeonato Brasileiro de 2005. E três anos depois ainda chora, chora, chora...

Que se prepare o são-paulino que não entende de futebol, mas sabe que tem de torcer contra quem dedica muito mais amor, tempo e dinheiro ao seu clube de coração, na vitória ou na derrota.

Que se prepare o gremista que celebrou o descenso do Corinthians no estádio Olímpico na esperança de que não houvesse uma daquelas viradas de mesa que beneficiaram o tricolor gaúcho anos antes. E que lamentou ver Mano Menezes e William preferirem a Série B no Timão à elite nacional com o tricolor gaúcho.

Que se prepare o vascaíno que comemorou a derrota corintiana como se fosse uma vingança pelo fracasso cruzmaltino diante do alvinegro no Mundial de 2000, no qual estranhamente os cariocas herdaram a vaga do Palmeiras.

Que se prepare o torcedor do Fluminense que celebrou a queda do Corinthians como se a própria equipe não tivesse sido rebaixada três vezes, uma delas para a terceira divisão, e que voltou à elite apenas por conta de uma deliciosa canetada.

Que se prepare o flamenguista que viu benefícios flagrantes ao Corinthians para ganhar títulos e torcida, mesmo após o rubro-negro receber de lambuja várias rodadas de descanso no meio do Brasileirão de 2007 apenas porque não podia usar o Maracanã.

Que se preparem os torcedores do Cruzeiro e do Atlético que ainda lamentam as derrotas nos Brasileirões de 1998 e 1999 e que viram vingança no rebaixamento corintiano.

Que se prepare o torcedor do Goiás que, enfim, já sofre o suficiente apenas pelo fato de defender as cores dessa equipe.

Que se prepare o torcedor do Sport que, carente de um título nacional na sua história, forçou um clima negativo para a decisão da Copa do Brasil, como se houvesse um grande embate Sul x Nordeste, entre o bem e o mal, e não apenas uma partida de futebol.

Que se prepare quem brevemente se esqueceu de que a camisa do Corinthians merece respeito. Muito respeito. Enquanto outros levaram anos para se reerguer, levamos seis meses.

Seis meses.

Que os anti-corintianos se preparem para os próximos anos. Eles serão mais divertidos para mim, tenho certeza.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Os Estados Unidos de Barack Obama


Não falta intelectual dizendo que o Brasil tem uma sociedade moderna, que tolera bastante bem as diferenças étnicas, religiosas e de gênero. Eu discordo. Afinal das contas, enquanto nós ainda discutimos as ações afirmativas e exaltamos o recente crescimento econômico do Nordeste quase com comiseração, os Estados Unidos podem eleger um negão para presidente. Enquanto damos afagos retóricos, os americanos mostram políticas concretas e dão poder a quem não o teve por décadas. Muito respeitável.

Em seu discurso sobre raça, no qual rebateu os argumentos do controverso reverendo Jeremiah Wright, pastor que o acompanhou a vida toda na Igreja, Obama mostrou que a sociedade americana não pode ser condenada hoje pelo fato de ter empurrado negros para a parte de trás dos ônibus há mais de meio século. Ela andou para a frente. Elegeu representantes descendentes de indianos, muçulmanos, latinos, negros e até um austríaco rombudo.

E nesse meio tempo, o que fez o Brasil?

Em um país composto amplamente por negros e pardos, quantos deles nós temos no topo de grandes empresas? No comando do Executivo, seja em que nível for? Quase nada.

Apesar de o quadro ter sido atenuado nos últimos anos, o Brasil é um país ainda fraturado e racista. Basta ir a um prédio dos Jardins de São Paulo ou a algum condomínio da Barra da Tijuca e perguntar a um porteiro qualquer se ainda não ouviu um dos endinheirados moradores condená-lo por ter votado no presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um presidente que é o limite do que o Brasil conseguiu nesse sentido, sendo ele um ex-pobre torneiro mecânico do Nordeste. Mas que há décadas se aburguesou, muito antes de chegar ao Palácio do Planalto. Um burguês sindical, digamos.

Comparado à simbologia de Obama, Lula parece nitidamente menor. Obama não foi torneiro mecânico; saiu da pobreza e virou professor universitário. Lula impôs sua vontade ao partido, que o considerava inevitável, acima do bem e do mal. Obama foi às bases, trouxe jovens para o processo eleitoral e mudou o partido no voto. Lula tem visão centrada no Brasil. Obama, que viveu na Indonésia, no mundo.

São estaturas diferentes. E enquanto a vitória de Lula não parece ter aberto muitas portas para políticos vindos da classe popular, a nomeação de Obama como candidato democrata tem impacto até sobre o Partido Republicano, que cogita vários representantes de minorias étnicas para disputar a Vice-Presidência.

Essa diferença entre os dois políticos cabe também para as duas sociedades. Quando dizem que a sociedade americana é doente, fico me perguntando o que pensar da brasileira.

Ainda não tenho resposta.

A candidatura de Obama mostra que o resto do mundo democrático precisa se modernizar e delegar poderes reais aos antes excluídos. O morro desceu e agora tem chance de conquistar a cadeira mais importante do mundo. E mesmo que o negão não vença, os EUA não serão um país mais racista em janeiro de 2009 do que o são hoje.

É o resto do mundo que hoje se vê muito atrás da democracia americana. Porque apesar de George W.Bush nos ter feito esquecer disso, nesse assunto eles ainda estão muito à frente de todos.