quinta-feira, 26 de junho de 2008

Gratidão é coisa do passado


Vejam só Ronaldinho Gaúcho, duas vezes melhor jogador do mundo. Há alguns anos ele trocou o Grêmio pelo Paris Saint Germain em uma transferência que não rendeu ao clube gaúcho quase nada. Não há gremista que não se ressinta do fato de o astro, antes um pobre morador da periferia de Porto Alegre, ter aceitado os milhões do clube francês em vez de continuar financeiramente quebrado.

A transferência se deu dentro de todos os limites legais e o que foi incompetência do Grêmio na hora de fazer contrato com Ronaldinho virou mau caratismo do jogador que foi formado nas categorias de base do clube. Anos depois, esse tipo de torcedor deve ter se sentido vingado pela cara-de-pau e desfaçatez do Barcelona, que tratou o jogador como um patrão bem vagabundo.

Sem cerimônia, o clube catalão, que ganhou milhões de euros e títulos importantes graças ao mágico Ronaldinho, diz que o jogador não lhe interessa mais. E para pressioná-lo a sair logo, promete não liberá-lo para disputar a Olimpíada de Pequim --um torneio que ele pediu para disputar para sair da modorra do banco de reservas azul-grená e das críticas espanholas-- caso fique.

Não importou nada a história de conquistas do jogador no clube. O importante era retirar os símbolos de uma geração (leia-se administração) que foi substituída (derrotada politicamente) por uma nova geração (uma nova administração).

Gratidão nenhuma. Respeito nenhum.

Olhando para o que acontece neste momento, a escolha de Ronaldinho de deixar o Grêmio sem que o clube gaúcho ganhasse muito por isso parece ainda mais acertada. O jogador aprende desde cedo que tudo que os dirigentes querem com ele é fazer dinheiro e fama. Quando o patrono muda, surge um sucessor e a vida segue.

Cansei de ver dirigente reclamar do pouco compromisso dos atletas com as camisas dos seus clubes, reclamar de como os empresários mandam nos atletas e essa obviedade toda. Mas esses mesmos dirigentes, como os do Barcelona, nos lembram sempre como são ainda mais movidos pelo dinheiro e pela politicagem barata.

Às custas da nossa paixão e dos nossos ídolos.

4 comentários:

Anônimo disse...

Piada, né? De repente, de uma hora para outra, o gênio virou bonde.

E o Barcelona é muito do mal-agradecido mesmo... Antes do Gaúcho, o clube vivia um complexo de inferioridade absoluto em relação ao rival Real Madrid. Estava quebrado financeiramente e em crise profunda, dentro e fora de campo.

É muita ingratidão mesmo.

Anônimo disse...

Texto irretocável. Uma das melhores coisas que li sobre futebol na web em muito tempo.

Corazza disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Faço minhas as palavras do Leandro, as palavras do fábio, além de oito mulatas e duzentas e treze cartelas vencidas da Tele-Sena.

Não liberar o Ronaldinho pras Olimpíadas é a cereja desse bolo de ingratidão, mesmo.

Abraçones