domingo, 15 de fevereiro de 2009

Falta de lógica sobre o Morumbi

Adoro esse pessoal que acha que a economia é maior do que a vida. Eles são muito divertidos. Em meio à discussão sobre número de ingressos dedicados à torcida corintiana no clássico contra o São Paulo, eles desfilam vários argumentos, em favor do São Paulo ou do Corinthians, como se a reação do outro lado fosse sempre automática, levando em conta apenas pequenas turbulências políticas, todas sanáveis, e como se os benefícios a se obter fossem óbvios (o Consenso de Washington ia na mesma linha).

Primeiro: em vez de a omissa Federação Paulista de Futebol arcar com o ônus da decisão, até para esfriar o clima tenso com o São Paulo, atribuiu ao clube a decisão de tomar a medida num campeonato que terá apenas um turno. O Corinthians obviamente não poderia retribuir no clássico seguinte pelo torneio, visto que ele pode nem sequer acontecer.

Segundo: no meio da eleição, a diretoria do Corinthians jogou para a galera. Mas a galera apoiou em peso. E, com isso, o São Paulo, que tinha bom relacionamento com o clube mais popular do estado, um aliado importante na discussão de direitos de TV (muuuuito mais importante do que os ingressos), se deu mal.

Terceiro: imagine, caro leitor, que você vai investir num estádio. Você pagaria mais por um lugar que receberia, digamos, três grandes clubes ou pagaria mais num lugar que receberia apenas um? E imagine o que aconteceria com esse investimento no estádio de um clube só, se numa temporada ele não se classificasse para o único torneio pelo qual a torcida inteira se interessa de verdade?

Quarto: imagine, caro leitor, que você tem a maior torcida numa região. E que tenha de jogar todo fim de semana para 40 mil pessoas, quando poderia atuar para 70 mil? Qual é a vantagem? É só pra fazer bico e alardear a própria incompetência para construir seu próprio estádio?

Romper tradições pode parecer muito moderno. Ou, como dizem os yuppies do mundo todo, "faz sentido". O problema é que a vida vai além da suposta objetividade lógica que esse pessoal apregoa. Nada é menos lógico do que o futebol. Ele imita a vida. E na vida, às vezes 10% são mais importantes que 90%.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O medíocre Ballack contra Felipão

Curto e grosso: quem é esse Michael Ballack, jogadorzinho superestimado e picareta, para dividir o grupo do Chelsea, conforme informou a mídia inglesa, para contestar um técnico campeão do mundo como Luiz Felipe Scolari? O que conquistou na vida?

A resposta é um salário milionário. Nada mais.

Outro que contestava o brasileiro era o goleiro Petr Cech, que bateu a cabeça há uns tempos e desde então não é mais lembrado como o melhor do mundo. Agora tudo faz mais sentido, não?

Ainda há Didier Drogba, em descendente há dois anos.

E ainda tem gente dizendo que Felipão fracassou. Quem fracassou foi esse time medíocre da Inglaterra, que lava muito mais do que a MSI sonhou em lavar no Corinthians e que não passa de um São Caetano metido a besta, com um russo perdulário no lugar das Casas Bahia.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Lula e a música de Guilherme Arantes


A música que mais odeio é cantada pelo chatíssimo Guilherme Arantes. Chama-se "Lance Legal", mas poderia ser chamada de "Ode ao Babaca". O trecho que mais me irrita é o refrão infame:

"Meu momento é agora, meu caminho é feliz/Se há uma crise lá fora não fui eu que fiz/Então viver é um lance legal/Tem que ter um certo sabor/Muita calma durante, loucuras no final"

Ou seja, dane-se o mundo todo. Eu me basto, dá licença?

Nos últimos dias eu tenho me lembrado dessa música quando ouço o presidente Lula falar sobre a crise econômica. Não que ele não tenha sido otimista desde o começo. E acho inclusive que deveria ser.

Mas já passou do ponto. Que pelo menos ficasse quieto, porque não é o otimismo dele que faz sua alta popularidade, mas sim o fato de as pessoas saberem que a origem da crise não está no Brasil.

Ao mesmo tempo elas sabem que os problemas não passaram e que vão, sim, pegar um pouco da economia real, embora o Brasil tenha boas chances de sair dessa melhor do que outros emergentes.

Sem contar que tanta positividade pode contaminar gente mais simples que pode se enfiar num crediário sem ter condição de pagar daqui alguns meses, quando o efeito vier mais pesado.

É hora de comedimento, não de euforia. Parece tão óbvio isso.

Otimismo babeta definitivamente não é um lance legal.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Obama já fez besteira

Quando prometeu o governo mais ético da história recente dos Estados Unidos em sua campanha eleitoral, o presidente Barack Obama colocou a barra lá no alto, numa posição quase impossível para que os republicanos o atingissem em cheio.

Pois o rapaz acaba de completar a segunda semana no cargo e acaba de perder seu secretário da Saúde, Tom Daschle, um dedicado democrata que teve problemas com a receita federal. Problemas parecidos com os de outros membros do governo, como o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, que acabou ficando no cargo.

Comecinho miserável.

Para piorar, Obama soltou um cândido "I screwed up" para falar sobre as indicações mal feitas, com um sorriso de canto de boca, quase que dizendo "Estou começando e as críticas que vocês fizerem não vão me pegar tão cedo". Alguém que disse ter tido a capacidade de julgamento para ver que a invasão do Iraque seria um erro ficou bastante longe disso no seu início de Casa Branca.

Não escrevi uma linha sequer sobre a posse do rapaz porque realmente não achei que pudesse acrescentar alguma coisa, diante do turbilhão de textos e opiniões publicados. Depois da segunda semana, quando o governo Obama já acumula razões para ser criticado, a imprensa mundial ainda é indulgente com o presidente americano. Governar assim eu também consigo.