terça-feira, 27 de maio de 2008

Eu queria esperar, mas Bebeto não deixou

A idéia era esperar acabar a jornada boleira de quarta-feira e a sessão do Congresso que pode marcar a volta de uma espécie de CPMF para falar sobre o momento do Rio de Janeiro.

No entanto, o Botafogo frustrou os meus planos.

Eu adoro o Rio de Janeiro. Moraria lá fácil. Amanhã mesmo pego as tralhas e vou, se tiver um bom emprego. Conheço bem a cidade e lá me sinto em casa. Às vezes mais do que em São Paulo.

Mas não tem lugar onde a fanfarronice e a cara de pau andam de mãos tão atadas. Em especial nas duas áreas que interessam a este blogueiro: política e futebol. E eu já andei pelo país.

Mesmo um tipo correto, como o presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, sabe ser fanfarrão. E reforçar a crença, cada vez maior com o passar dos anos, de que não dá para levar carioca a sério.

Exceto, talvez, pelo Bernardinho.

Na terça-feira, Bebeto reclamou da quantidade de ingressos reservados ao seu clube para a partida contra o Corinthians no Morumbi pela Copa do Brasil. Disse que o clube paulista foi descortês por não ter reservado 700 ingressos de última hora para os cariocas.

Horas antes, um diretor dele prometeu processar o Corinthians na CBF por desrespeito ao Estatuto do Torcedor. O mesmo estatuto que diz que um time visitante pode ter 10% dos ingressos fora de casa SE o pedido for feito com antecedência de três dias.

Bebeto diz que o clube paulista pediu ingressos na véspera do jogo no Engenhão na semana anterior e, mesmo fora do prazo de três dias, conseguiu mais mil entradas.

Faltou o presidente botafoguense citar quantos torcedores estiveram presentes no Engenhão. Eu relembro: foram cerca de 30 mil. Sobraram mais de 20 mil lugares.

Dá um tempo, seu cartola.

A cobrança faz ainda menos sentido quando o Botafogo chora a falta de ingressos para uma partida que já tinha carga esgotada para os corintianos no sábado anterior. Esgotada.

É muita fanfarronice da diretoria do Botafogo, o menos fanfarrão dos quatro grandes clubes do Rio. Os outros têm sido ainda piores. Se eu fosse o Bebeto, reclamava do diretor que não pediu mais ingressos a tempo. Sem chororô de time pequeno.

Jeitinho não dá certo sempre, é bom saber.

E o resto eu guardo para o devido momento.

P.S.> Na manhã de quarta-feira, depois de tudo explicado e reexplicado, com notas oficiais de Botafogo e Corinthians sobre o assunto, o programa Redação, do canal SporTV, retomou o tema. Colocou um dirigente botafoguense reclamando. Ninguém nem citou o comunicado oficial corintiano. E o apresentador arrematou.

"Isso é, no mínimo, falta de diplomacia do Corinthians."

Uma palavra: fan-far-rão.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Voa, canarinho, voa


Há mais de ano a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tenta romper na Justiça o contrato com a operadora celular Vivo. A alegação oficial é de que R$8 milhões ao ano é muito pouco para uma marca tão sensacional quanto a seleção brasileira.

Nesta semana, a entidade que faz grandes jogadas colecionou sua quarta derrota judicial no assunto, o que deixaria a empresa com os direitos de propaganda da equipe canarinho até o fim da Copa do Mundo de 2014.

Afinal, por que a briga?

A CBF diz que o contrato estipula um complemento com a venda da marca brasileira em jogos de video-game e outras informações que poderiam ser acessados por meio de um celular, mas acabou não recebendo tanto assim.

A Vivo há tempos diz que adoraria ter receita maior com esses itens, porque eles seriam divididos meio a meio, mas os retornos ainda são poucos.

Há ainda quem diga que o ex-genro de João Havelange está implicando com a Vivo porque a empresa não lhe fornece os mimos que pediu. Entre eles um helicóptero para uso pessoal.

Duvido bastante.

O capo do futebol brasileiro, que nunca foi visto pelo jornalista Xico Sá no prostíbulo de luxo Café Photo, não faria isso.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Campeões estaduais -- e daí?

É bonito ver como o Mixto ficou contente em ser campeão do Pantanal. Ou se emocionar com a comemoração dos jogadores do CSA ao quebrarem o jejum de títulos em Alagoas. Mas para os grandes clubes do Brasil, acostumados a disputar grandes torneios, que diferença faz ser dono da coroa estadual?

Para mim, nenhuma.

Por isso, só dá para achar graça ao ver o treinador do Palmeiras dizer que sofreu uma goleada diante do Sport pela Copa do Brasil, valendo vaga na Taça Libertadores, porque o foco era a final do Campeonato Paulista, diante da Ponte Preta.

Ou ver o Flamengo ficar na dúvida sobre se pouparia seus melhores jogadores para ser campeão estadual, e não para enfrentar o América do México fora de casa pela competição continental.

Ou ver o Cruzeiro usar seus melhores jogadores na primeira partida da final do Mineiro, quando goleou o Atlético por 5 x 0, em vez de poupá-los para enfrentar o Boca Juniors em Buenos Aires.

Eu sou da época em que não havia essa dúvida. Libertadores é o que importa e a Copa do Brasil importa exatamente porque vale vaga para a Libertadores. Simples assim.

A vitória nos torneios estaduais vale para clubes que não têm a menor chance de grandes glórias nacionais, nesse país continental que é o Brasil. Palmeiras, Flamengo, Cruzeiro e muitos outros não precisam disso para serem grandes.

A rivalidade que surgiu nesses torneios há décadas é plenamente atendida no torneio nacional. Então por que mantê-los?

É melhor um Brasileirão mais longo do que um torneio nacional logo após essas inócuas competições. Se o Valdívia é mesmo craque, quero vê-lo enfrentar o Fábio Luciano. Se o Marcelo Moreno é mesmo artilheiro, quero vê-lo enfrentar o Henrique. Se o Obina é mesmo iluminado, quero vê-lo enfrentar o Thiago Heleno.

Estadual é pra jacu.