terça-feira, 31 de março de 2009

Radiohead e os desaparecidos

No dia 24 o Radiohead fez um show em Buenos Aires. O que eu vi em São Paulo foi o melhor que já vi até hoje (e testemunhei concertos de gente muito boa, com R.E.M., Blur, U2, Oasis, Rolling Stones, Molejão). Esses branquelos ingleses são especiais. A prova disso foi a escolha da lindíssima How to Disappear Completely and Never Be Found em homenagem aos desaparecidos.

Com direito a discurso contra a guerra suja na Argentina.

quinta-feira, 26 de março de 2009

terça-feira, 24 de março de 2009

Delúbio e o auto-perdão do PT

Muito interessante essa história de que um terço dos dirigentes do PT quer ver Delúbio Soares, artífice do mensalão, de volta ao partido. O deputado paulista Candido Vacarezza, muy candidamente, disse ainda que a expulsão do rapaz da mala preta da sigla dos trabalhadores era um "exagero".

Faz sentido.

Quando perdoam Delúbio, os dirigentes do PT perdoam a si mesmos. O ato de suposta bravura de assumir a culpa toda sozinho por um dos maiores esquemas de corrupção da história recente do Brasil fica travestido como um caso de amor de um homem por sua causa (afinal, ele nada pegou para si próprio, advogam os tolerantes com a corrupção). Nada mais hipócrita.

Delúbio é honestíssimo, diz o ex-presidente da CUT João Felício. São tantos elogios que é difícil de registrar o mais picareta. A readmissão do ex-tesoureiro no PT é o típico caso que fala mais sobre quem promove a ação do que sobre quem receberá os benefícios que virão dela. Ou será que diz muito sobre os dois?

sexta-feira, 13 de março de 2009

Três tenores na Gazeta

Odair José, Reginaldo Rossi e Amado Batista cantando juntos e batendo papo na noite de sexta-feira. Tem coisas que só a Gazeta faz por você. Que Pavarotti que nada.

sábado, 7 de março de 2009

Lula troca vergonha por votos no Nordeste

Desde a redemocratização o Nordeste se mantém como grande fiel da balança das eleições presidenciais. Enquanto alguns candidatos centram força nos maiores colégios do Brasil - São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro -, deixam desguarnecida a região mais pobre do país, com a qual imaginam ter mais chances de obter votos sem fazer os mesmos gastos por eleitor. Os nordestinos costumam ficar ao lado do candidato para o qual apontam logo no início do ano do sufrágio. Hoje, eles apontam para José Serra.

Esse deve ser o raciocínio que leva o presidente Lula a permitir a ocupação de espaço no seu governo pelos arautos do fisiologismo do Nordeste, como José Sarney (cujo grupo governou o Maranhão por 40 anos), Renan Calheiros, Geddel Vieira Lima e até o ex-adversário mortal Fernando Collor de Mello. Dar votos a Dilma Rousseff custa caro e ele parece disposto a pagar quanto for necessário para tomar votos do tucano num terreno ainda instável e decisivo.

Alguns dirão que nenhum desses oligarcas nordestinos, que por anos vociferaram contra o presidente ex-operário, causará qualquer tipo de problema no Legislativo a um mandatário com mais de 80% de aprovação popular. Pode ser. Mas não há como encarar essa invasão consentida pelo Palácio do Planalto como uma falta de vergonha na cara do nível da que levou ao mensalão. Uma coisa é acomodar aliados num governo. Outra é entregar o governo a eles.

Lula se deu gostosamente para o PMDB. Sem o menor pudor.

Ele pode até conseguir um bom tanto de votos para Dilma na região onde nasceu e é querido ainda mais do que no resto do Brasil. Mas não terá o argumento de que a neo-petista, que não é unanimidade nem no próprio partido, é a candidata que romperá com marajás e com o pior que há na política brasileira para defender um programa de governo minimamente de esquerda. Essa imagem faz diferença para pelo menos um terço do eleitorado que não poderá preguiçosamente cravar mais um voto em Lula.

E aí, como fica esse povo todo?

Se Lula venceu graças à expectativa de mudança e o próprio Serra, conhecido nacionalmente, pouco baterá na atual administração, qual será o discurso de Dilma? Dizer que é a candidata que se dá melhor com Sarney, Renan e Collor não parece ser muito animador. Até porque essa turma toda pode aprovar a falta de vergonha do presidente para lhes dar abrigo, mas não garante fidelidade para nenhum candidato que não tenha chance real de vencer.

Falta de vergonha dá nisso.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Superpop dá início a 2009

O Carnaval acabou, mas o ano só começou de verdade na noite desta segunda-feira, quando liguei a TV no edificante programa Superpop, da ErreideTV. No canto superior esquerdo, uma tarja "Exclusivo". Na parte de baixo, a legenda da qual me lembrarei pelo resto da vida. "Investigação: Ex de Chiquinho Scarpa pode estar se prostituindo".

Chupa, Big Brother!

Os jornalistas da ErreideTV foram vasculhar a vida da grande celebridade Carola Oliveira, em um recanto no meio do nada em Natal. Mas ela, sobrinha do ex-todo-poderoso da TV Globo, só levaria gringos para a cama. Três juízes decretam que a moça está num caminho ruim: um tiozinho de terno e bigode, uma jovem senhora de vestido curto e um outro figura ator pornô com camisa de metaleiro e pose de fã carolesco.

Num link desde a capital potiguar, eis que a própria Carola entra ao vivo no programa dizendo que a televisão explorou algo que não existe. "Sou atriz e estou fazendo um documentário sobre a noite", diz ela. "Estou fazendo um documentário que, inclusive, poderia passar aí na RedeTV." É claro, responde a apresentadora Luciana Gimenez. Coisa linda.

Mais tarde, Carola abre o coração: "Eu já usei drogas, já dormi com mulheres, já fiz programa". Depois, repete que "sem o Chiquinho, não sou nada". E manda beijos para o pessoal do grupo Folha e do grupo Civita, "que sempre apoiaram".

O cara de bigode, aparentemente amigo do senhor Scarpa, balança a cabeça. A tia de vestido contesta. E o figura com camisa de metaleiro diz que é ainda mais fã de Carola Oliveira. "Você faria um filme pornô comigo?", ele pergunta. Ela ri.

Perguntada pelo cara de bigode sobre se faria programa em meio a uma crise financeira, ela responde: "Depende. Não conseguiria viver disso. Não sou como essas garotas de programa".

Eis que perguntam a Carola: "O que você gostaria de fazer para voltar à mídia, já que tem esse espaço aqui no nosso programa?"

"Apresentar um programa como o seu", chuta a moça de volta.

Moral da história: rodou, rodou, rodou e continua no programa.