sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A Holanda é um país legal

E a Holland House, espaço aberto pelo comitê olímpico holandês em Pequim, também é. Ao contrário da ilha da fantasia do Olympic Green, nesse lugar os sorrisos dos atendentes nunca parecem promovidos pelo governo, as pessoas se sentem livres o suficiente até para usar maconha com moderação e existe senso de humor.

Não poderia esperar menos de uma equipe que escolhe a espalhafatosa cor laranja, da família real, para disputar as competições esportivas.

Mas o melhor dos holandeses é a tranquilidade para conversar sobre qualquer assunto. Uma característica bem pouco chinesa.

Vi holandeses falando em inglês do que os chineses chamam de "incidente de 1989 na Praça da Paz Celestial", política norte-americana, commodities, descriminalização das drogas, tentativa de receber a Copa do Mundo em 2018, crescimento da direita nos países europeus e por aí vai. Tudo sem parecerem ranzinzas ou desesperançosos e achando tempo para dançar e beber.

Até sobre o Corinthians os caras falaram. Estava parado com minha camiseta roxa e um grupo de holandeses e escoceses se aproximou dizendo "Carlos Tevez"! Minutos depois, comentaram sobre algumas das falcatruas da MSI e, assim como os escoceses, demonstraram medo pela Copa do Mundo no Brasil em 2014, apesar de estarem se planejando para ir à África do Sul. Eles lêem.

A animação não deve nada para as melhores festas tupiniquins.

No mesmo dia a seleção holandesa feminina de hóquei tinha batido a China na disputa pelo ouro e foi comemorar ali. As moças, quase todas muito bonitas, mergulharam por cima do povaréu e foram carregadas ao som de "We Are the Champions" e de umas músicas holandesas cujo nome não me atrevo a escrever.

Dezenas de pessoas bateram bola no "Ping-Pong Paradise", outras tantas usavam bexigas para brincar no meio da festa e várias bandas se revezavam no palco com um som bem feliz que lembrava polca --espero que essa comparação não faça a nobre amiga Stijntje Blackendaal colocar veneno no meu prato de macarrão com abobrinha quando eu voltar.

Do lado de fora da balada, as banquinhas de quitutes das terras baixas vendiam a um preço razoável quilos e quilos de batatas fritas com maionese e de um croquete sensacional, que serviu para um holandês se empolgar aos gritos moderados de "Free Croquette!" A cara dele não era exatamente de quem queria comida de graça, mas sim de quem, como eu, acha um saco essa vigilância chinesa.

Não vou me alongar a respeito da beleza do povo que ali estava. Posso dizer que me senti um sapo perto dos homens holandeses, quase todos muito mais bonitos do que eu. E as mulheres, pai do céu nunca vi tantas juntas no mesmo lugar, eram lindas --quase tanto quanto minha bela namorada carioca, que me faz falta demais.

Uma moça brasileira que ali foi outras vezes me disse que o clima é sempre aquele, independentemente de a Holanda ganhar alguma medalha de ouro no dia ou não. Porque, no fundo, os holandeses estão se lixando para quantas medalhas vão ganhar.

A preocupação principal deles, ficou claro para mim, é educar bem o seu povo e manter o espírito razoavelmente livre para esse mundo que ninguém entende direito como funciona.

Por isso tudo que a Holanda é um país bem legal.

E o que não for legal, eles já devem estar pensando em descriminalizar. Pena que fique tão longe do Brasil.

3 comentários:

V. O. disse...

Esse parágrafo tava começando a ficar perigoso a sua pessoa, mas o final evitou maiores constrangimentos

"Não vou me alongar a respeito da beleza do povo que ali estava. Posso dizer que me senti um sapo perto dos homens holandeses, quase todos muito mais bonitos do que eu. E as mulheres, pai do céu nunca vi tantas juntas no mesmo lugar, eram lindas --quase tanto quanto minha bela namorada carioca, que me faz falta demais."

Anônimo disse...

Ah, as holandesas... e as dinamarquesas, suecas, norueguesas...

:-D

E quer dizer que as falcatruas da MSI continuam dando o que falar, é? Você viu que o Kia já pode voltar ao Brasil? Xi...

Anônimo disse...

Usando a camisa do Corinthians, você vai ser reconhecido em qualquer lugar do mundo. Moro em Montreal e é a mesma coisa!