Maurício Savarese, especial de Pequim para o Comunique-se
O Clube dos Correspondentes Estrangeiros na China acusou o governo chinês de interferir em mais de 30 reportagens desde 25/07, dias antes da abertura dos Jogos de Pequim. Segundo o grupo, os incidentes incluem violência, destruição de material, detenção, constrangimento de fontes, interceptação de comunicações, proibição de acesso a áreas públicas, intimidação por autoridades, repreensão oficial, vigilância e outros obstáculos.
De acordo com o clube (FCCC em inglês), houve dez casos de violência –mais que o total confirmado no ano passado—e oito casos de danos a equipamentos ou destruição de fotos. Mais de 20 casos estão sendo confirmados. Até 20/08 deste ano, o FCCC contou 152 interferências do governo em reportagens –em 2007 foram 160 incidentes.
Os casos reportados incluem a detenção e a tomada de cartões de memória das câmaras de fotógrafos da Associated Press que tentavam cobrir um protesto durante as Olimpíadas, as agressões a um cameraman alemão por voluntários olímpicos pouco depois de ele tentar visitar a esposa de um ativista por direitos humanos e o constrangimento a um fotógrafo da France Press que foi obrigado pela polícia a apagar fotos em Xinjiang –leste do país, onde há um movimento separatista.
"Quem está lá no Olympic Green só vai falar de problemas que acontecem em qualquer grande evento. Mas quem está fora fazendo reportagem sobre os expedientes da China para receber os Jogos Olímpicos está sendo tão reprimido quanto sempre foi", disse o jornalista Gilberto Scofield Jr, há quatro anos correspondente do diário O Globo em Pequim e membro do FCCC.
Os incidentes reportados não incluem uma visita incomum da polícia chinesa ao apartamento de jornalistas do SBT que horas antes tinham baixado pela Internet fotos de uma campanha da Anistia Internacional pelos direitos humanos no país sede da 29ª edição dos Jogos Olímpicos.
Um dos casos mais famosos de interferência durante as Olimpíadas foi o de uma transmissão ao vivo da TV alemã ZDF desde a Muralha da China. Apesar de dezenas de autorizações, os jornalistas que entrevistavam um arqueólogo norte-americano sobre o assunto foram interrompidos por policiais que saltaram diante das câmaras.
Segundo o produtor Johannes Hano, os policiais alegaram que o especialista não era licenciado para tratar do assunto. " Apesar de a interrupção da nossa transmissão ao vivo ser uma pesada interferência, ela é apenas a ponta do iceberg do que vivemos a semana inteira de nossas planejadas transmissões ao vivo na China", afirmou.
A ZDF, uma das retransmissoras oficiais dos Jogos, fez um protesto formal ao Ministério das Relações Exteriores, mas não recebeu nenhuma resposta oficial, segundo um outro funcionário da TV alemã.
Mudamos (01/16)
Há 8 anos
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Top 1 do Troféu Eu Já Sabia.
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