segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Sobre política suja

Sou bastante mais liberal do que muita gente em relação ao que é jogo sujo ou não na política. Claro, respeito a opinião de todos, não me julgo mais esperto nem mais ingênuo do que ninguém. Mas vou deixar aqui uma posição mais clara sobre o que pode valer e o que não vale - sempre segundo minha opinião.

Eu acho que o limite da política é a verdade. Um político que conta mentiras, faz jogo sujo. Já inventaram que a campanha dos cinco dedos do FHC em 1994 servia como alusão ao dedo a menos de Lula. Isso é ignorância ou mentira. O gesto servia apenas para reverenciar Tancredo Neves. E nada mais.

Assim como inventaram de dar camisas do PT a sequestradores do empresário Abílio Diniz. Uma armação escrota, desmascarada apenas anos depois. Mentira deslavada.

Quando não é mentira, torna-se opção. E digo a razão.

Ninguém espera que os políticos digam a verdade o tempo todo. Ninguém. Eles estão autorizados a serem, digamos, ambíguos, porque a política nunca foi feita apenas da verdade. E isso qualquer sociólogo mais ou menos já disse muitas vezes.

Política é instrumentalização.

Nunca li Kant na vida, mas já ouvi muita gente falar que o filósofo defende que nunca devemos usar os outros para fins que beneficiam apenas a nós mesmos. Mas a política cabe nesse tipo de ética?

Na minha visão, não.

Portanto, se alguém utiliza seja o que for contra um rival e essa ferramenta não está distante da verdade, não vejo como falta de ética. Pode ser uma opção mal ou bem utilizada, que sempre resvala nas condições políticas e sociais.

Em suma, política suja é inventar e mentir.

O resto, é escolha, bem ou mal feita.

9 comentários:

Helena™ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Helena™ disse...

Análise do sociólogo Francisco de Oliveira sobre a provável derrota de Marta Suplicy para Gilberto Kassab, no segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, leva em conta o caráter ideológico do eleitor paulistano. Segundo ele, o eleitorado paulistano é majoritariamente conservador, desde o tempo de Adhemar de Barros, passando por Jânio Quadros e Paulo Maluf, maiores representantes do populismo de direita no Estado.

Na opinião do sociólogo, a desindustrialização de São Paulo acentuou esse perfil conservador do eleitorado, expulsando da cidade a esquerda representada pela classe operária. A fuga das indústrias converteu a capital paulista em um pólo de serviços com um forte setor informal. E os representantes dessas categorias não se identificam com o PT. São pessoas que votam na direita devido ao imediatismo. “É gente que quer receber benefícios imediatos, sem esperar transformações estruturais”, diz Francisco de Oliveira.

Você concorda ?

M.S. disse...

Oi, Helena, obrigado pela leitura! Respondendo: não acho que a Marta vai perder a eleição por pertencer a um partido de esquerda. Acredito que essa campanha não empolgou ninguém e que o prefeito teve uma boa equipe de marketing que soube vendê-lo mesmo sem mostrar muito conteúdo. Simples assim. Não acho que as pessoas dessa cidade desindustrializada votarão no DEM apenas por terem respostas imediatas. A primeira coisa que a Marta fez depois de eleita foi a operação Belezura, com resultados imediatos. Depois veio o Bilhete Único, que não demorou tanto assim. Mesmo assim, ela perdeu para Serra. Por quê? Porque é de esquerda ou porque Serra tinha acabado de sair de uma eleição presidencial? Creio que o que falta à esquerda em São Paulo é superar o malufismo. A esquerda paulista ainda não tem discurso contra os tucanos. As sucessivas derrotas diante do PSDB servem, acho eu, para comprovar a falta de discurso da esquerda em São Paulo, não para mostrar que o eleitor paulistano é conservador por natureza. Abraço!

Helena™ disse...

Realmente , o eleitorado é conservador e por isto está sendo manipulado através de campanha(marketeiro) bem elaboradas .Ou não?

M.S. disse...

Eu discordo... não acho se exista marketing de esquerda e marketing de direita. As pessoas que se informam menos estão comprando o produto que acham melhor. E essa é a maior parte do eleitorado, em São Paulo ou em qualquer lugar. Na Bahia compraram o Jaques Wagner, com lindas propagandas e marketing bem feito. Nunca um petista tinha chegado perto de vencer ali. Isso significa que o eleitorado baiano é conservador? Acho que não. Acho que é uma questão de oportunidade. Com o tempo, vira.

Helena™ disse...

A legenda do atual prefeito não é de conservadores ?

Mudando "o rumo da prosa" Li seu post quando você estava em Pequim. Bom!

Anônimo disse...

Concordo com o texto, tirando uma ou outra coisinha. E concordo com os comentários do Savarese.

Se o eleitorado paulistano fosse tãããããão conservador assim, jamais teria eleito a nordestina Luiza Erudina e a sexóloga Marta Suplicy.

O PT precisa aprender a perder sem acusar o eleitor "conservador" ou a mídia "golpista". Porque elogiar tanto um quanto outro só quando se ganha é sacanagem, né? Aí não vale.

M.S. disse...

Esse termo sexóloga é um ótimo exemplo do que escrevi. Está distante da realidade? Não. Mas não existe faculdade de sexologia. Existe formação em psicologia. Os rivais que usam esse termo para se referir a Marta se aproveitam do preconceito contra as mulheres. Faz diferença que ramo da psicologia ela praticou na TV? Não. E a escolha não é impune. Porque ninguém acha que faz diferença saber se Kassab é engenheiro elétrico, civil ou o que for.

Mau Svartman disse...

Não sei... Desde a primeira vez que ouvi falar da Marta, quando ela ainda era apresentadora de TV, ouço o termo sexóloga para se referir a ela. Acho que ela fazia questão do termo, para mostrar que era prafrentex. Nunca pensei nisso como algo pejorativo.