Achei muito curiosos alguns comentários que li sobre o texto "Ibope", publicado neste espaço e também pelo corajoso colega Paulinho (www.oblogdopaulinho.zip.net).
Agradeço aos leitores pela disposição em comentar o texto, porque deu para ver que ele gerou mais debate do que polêmica --e jornalismo serve para isso.
Entretanto, alguns dos comentários reforçam a idéia nada nova de que os brasileiros ainda têm uma noção muito vaga e inocente sobre o que é democracia. E, por consequência, são muito simplórios na visão sobre o jornalismo, que tem na liberdade de expressão a sua principal matéria-prima e premissa para existir de fato.
A ingenuidade se deve ao desejo por uma suposta isenção, como se não fossem pessoas reais ao redor de toda notícia que é publicada. As fontes, os repórteres, os editores e os leitores buscam sempre a melhor versão que se pode obter sobre a verdade. Mas por estas bandas muitas vezes isso implica em desqualificar quem deixa clara a posição da qual enxerga o mundo. A preferência é de quem omite.
Eu não omito. Sou corintiano, esquerdista e agnóstico, como escrevi no primeiro post deste blog. É dessas premissas que eu parto para discutir o resto. Sem sectarismo e alguma vocação para ouvir.
Mas ainda assim, corintiano, esquerdista e agnóstico.
Apesar de ser tradicional em muitos países importantes, no Brasil a imprensa prefere esconder suas preferências em encontros furtivos com candidatos, empresários e dirigentes a declarar onde se posiciona. E os meios e jornalistas que admitem essas questões são quase forçados a fazer críticas mais contundentes àqueles que apóia, para mostrar a tal isenção.
Felizmente há quem se recuse a desempenhar papel tão patético.
Nem nas matérias que escrevo desde 2004 nem neste espaço eu me sinto obrigado a fazer elogios ou críticas ao Corinthians, à esquerda e ao agnosticismo. Tampouco faria isso em relação ao Palmeiras, à direita ou ao cristianismo apenas por diversão.
Os textos que escrevo buscam somente o diálogo com os interessados, especialmente, em política e futebol, como diz a abertura deste blog.
Por isso, recomendo aos sedentos por isenção que procurem bulas de remédio para ler. Ali certamente não haverá nenhuma carga ideológica incorporada ao texto.
Neste blog não haverá isenção. Nem para elogiar nem para criticar. Haverá, sim, senso crítico, espírito democrático e argumentos defensáveis. E é isso o máximo que um jornalista pode prometer.
Mudamos (01/16)
Há 8 anos
Um comentário:
E precisa mais? Concordo contigo: é o máximo que um jornalista pode prometer - e não é pouca coisa.
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