sábado, 9 de fevereiro de 2008

Um good boy na cartolagem?

Eu adoro ver como andam as carreiras daqueles rapazes que gostam de carimbar como "bom-moço". Saber o que fazem Romário, Ronaldo Fofômeno ou Adriano é fichinha, porque as modelos grávidas e os frequentadores de boates já dão conta disso. Mas acompanhar as sonolentas vidas dos brasileiros impecáveis, isso sim, é desafiador.

Como dizer que ex-jogador Leonardo, atual dirigente do Milan, se imiscuiu com a sujeira da cartolagem mundial e brasileira? Quem criticaria o rapaz, dono de uma ONG interessada de verdade nos mais carentes? Um poliglota, cidadão do mundo, que conseguiu vencer até em cargo de dirigente?

De que reclamar de um homem brilhante, cujo único pecado nesta vida, dizem, foi a cotovelada no rosto do americano Tab Ramos na Copa do Mundo de 1994?

Há motivo para reclamar, sim.

E Leonardo os deu em entrevista à TV Globo.

Em trechos divulgados no SporTV na tarde de sábado, Leonardo faz elogios ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e ao dirigente máximo do futebol mundial, Joseph Blatter. Para o bom-moço, o futebol mundial está melhor por causa dos dois poderosos chefões.

Leonardo disse que a Copa do Mundo de 2014 veio para o Brasil por causa do trabalho de Teixeira e do seu poder na Fifa. Viu tudo com bons olhos, como se não estivesse falando de um homem que foi alvo de uma CPI e de múltiplas investigações. Sem falar nos rumores de achaques a empresas que patrocinam a seleção brasileira.

Tem gente do meio empresarial que conta sobre pedido de um helicóptero à operadora celular Vivo. Até algums meses atrás a CBF reclamava da empresa. Já não faz mais isso.

Mas Leonardo, coitado, está na Itália e deve saber ainda menos. As viagens pelo mundo o atordoaram e o fizeram se esquecer do papel de Teixeira à frente da CBF.

Blatter, suspeito de receber propina da falida empresa de marketing esportivo ISL e sobre quem pairam pesados rumores de ter comprado sua eleição, com belos envelopes sob as portas de delegados da Fifa na convenção que o elegeu pela primeira vez, em 1998, também mereceu elogios do buon ragazzo.

Sempre com um sorriso no rosto, Leonardo só exaltou o sucessor de João "O Probo" Havelange, provavelmente porque o suíço se comprometeu a dar dinheiro aos clubes, entre os quais o seu Milan, para que eles cedam jogadores a seleções nacionais.

Para um moço tão estudado, fazer esses elogios sem corar nenhum pouco é uma vergonha.

Imaginem só se as declarações fossem do Neto? Ou do Djalminha? Quem sabe do Serginho Chulapa? E se fosse o Edmundo?

Diriam que é falta de cabeça, os rapazes sempre foram desequilibrados e irresponsáveis, andam em má companhia e coisa e tal.

Pimenta no bad-boy dos outros é refresco.

2 comentários:

Anônimo disse...

Isso sem contar os anos de proximidade com o Silvio Berlusconi, né? Cruzes!

Cara, descobri seu blog (mudou de novo, pô? hehehe...) pelo Blog do Paulinho. Gosto de futebol, de política e de um bom texto - logo, prepare-se para me aturar por aqui neste empolgante ano de eleições aqui e acolá.

Já tens um linque nos meus pitacos, ok? Passa lá! Abraço.

Anônimo disse...

É o caminho que o Michel Platini trilhou. Ninguém mexe com esterco sem virar merda. Quem quer mexer é porque quer virar merda. Ótimo texto.