quinta-feira, 31 de julho de 2008

A linguagem universal do álcool

Como diz o grande mestre cearenese Falcão, eu não bebo, não fumo, não cheiro, não danço e não jogo. Mas não deixo de ir ao bar pelo menos duas vezes por semana para assistir aos meus amigos beberem e, sóbrio, tirar um sarro da cara deles.

Em Pequim, geograficamente, estou pra lá de Bagdá. Por isso aproveitei a oportunidade para fazer concessão e superar meu recorde pessoal de uma lata de cerveja bebida. Mandei ver em quase uma garrafa inteira da Tsingtao Beer, a marca mais famosa por aqui, fundada no século passado por alemães em uma cidade litorânea.

Mas o motivo pelo qual aceitei beber tanto nada tem a ver com as temperaturas escaldantes do verão pequinês nem uma súbita mudança de idéia.

Aqui na periferia pequinesa poucos bares ficam abertos até quase de manhã. O casal de amigos que me hospeda, de dois bebedores inveterados, se frustrava por isso. Até conhecermos nesta semana o 8 Mile Bar, a três quarteirões de onde estamos.

Meia-noite. Três brasileiros, um francês que fala chinês fluentemente e um indiano com humor de carioca, sentamos à mesa. O bar esvazia e às 2 da matina apenas três bravos nativos permanecem, nitidamente bêbados. Eis que um deles nos oferece um brinde. E na China não se recusa brinde.

Brindei. Ficou pior logo em seguida porque o figura gritou "Gambei!", indicando que deveríamos tomar tudo de uma golada só. Para tomar coragem, respondi "Vai Corinthians" e engoli a cerveja, meio aguada meio amarga. Horrível.

Os chineses aparentemente gostaram da nossa postura --gringos não vão a botecos daquele nível nem para pedir informação. E aí foram brindes, tapas nas costas, brindes, lambada no som, brindes, inglês macarrônico, brindes...

Cinco da manhã.

Dois deles, pequenos empresários, conseguiam se comunicar. Bêbados hospitaleiros, disseram para ligarmos se precisarmos de qualquer coisa. Outro, professor de física de uma escola de segundo grau, repetia algo como "Te considero pra cacete".

Domingo o indiano marcou uma festa na casa dele com caipirinha e feijoada. Convidamos os chineses, que prometeram não faltar.

Vou levar um copo extra pra esconder a pinga que não vou beber.

Gambei coisa nenhuma.

7 comentários:

Anônimo disse...

Ê doutor, que manguaça hein? Quem diria. E eu estou morrendo de inveja de você, porque tudo que eu gostaria de fazer antes de começar a me esfolar no dia-a-dia dos Jogos seria passar por uns três ou quatro lugares como os que você visitou. Mas fazer o quê? Vai ficar pro final mesmo. Pelo menos já vou ter umas dicas testadas e, talvez, aprovadas.
Eu e o Albertão estamos chegando por aí no domingo às 15h. Inté.

Anônimo disse...

Ê doutor, que manguaça hein? Quem diria. E eu estou morrendo de inveja de você, porque tudo que eu gostaria de fazer antes de começar a me esfolar no dia-a-dia dos Jogos seria passar por uns três ou quatro lugares como os que você visitou. Mas fazer o quê? Vai ficar pro final mesmo. Pelo menos já vou ter umas dicas testadas e, talvez, aprovadas.
Eu e o Albertão estamos chegando por aí no domingo às 15h. Inté.

Anônimo disse...

Hahaha
"É por isso que eu bebo" vai por água abaixo, hein?
Parece que tá boa a coisa aí.

Divirta-se.

Bjs

Vanessa S.

Caio Q. disse...

Feijoda com orelha de cachorro e carne seca de gafanhoto?

Anônimo disse...

Aposto que em setembro vou ter que passar a te carregar várias vezes pra voltar do Asteriques.
Chupa, Sava!

Anônimo disse...

Teve que viajar 2 milhões de quilômetros pra se liberar, mano?

JC

Anônimo disse...

Vai Corinthians!!! SENSACIONAL!!! HAUhuahuauhHUAhuAuhAUH