sexta-feira, 28 de março de 2008

Roubo clássico e midiático

Nunca na história recente deste país, como diria o presidente Lula, houve um clássico paulista tão roubado quanto o de quarta-feira, no qual o Santos bateu o Corinthians por 2 x 1. Mas o autor da obra-prima, o juiz caseiro Sálvio Spínola, continua sendo o chuchuzinho da Federação Paulista de Futebol. Candidato a apitar partidas da Olimpíada e da Copa do Mundo de 2010, dizem os bem-informados. Vejo apenas uma justificativa para tão pouco ter mudado na vida do árbitro depois do crime de lesa-pátria cometido na quarta-feira.

E a justificativa é que o descrédito do time do Parque São Jorge após o mal-fadado acordo com a máfia russa é tamanho que nem o prejuízo evidente em um jogo aberrante como esse dá voz ao alvinegro nas reclamações sobre a arbitragem. Aos fatos:

Sálvio marcou faltinhas irritantes a favor do time da Vila Belmiro. Deu três minutos de acréscimo em um jogo que mereceria o dobro disso --além das substituições, teve expulsão, contusão, comemoração de gol. Anulou um gol legítimo do Corinthians. E validou o gol da vitória santista, no qual Kleber Pereira derruba Carlão em um lance que seria falta até no futebol americano.

Em prejuízo dos santistas, não expulsou Herrera, que se ajoelhou nas costas de Betão. Preferiu tirar de campo o zagueiro.

Tudo isso compõe uma arbitragem no mínimo polêmica. Mas quase ninguém que escreveu sobre o jogo viu desse jeito. Ninguém nos principais sites brasileiros. Ninguém da Folha de S.Paulo. Ninguém do Estadão. Ficou fora da capa do Lance! Por quê?

Apesar de as reclamações serem óbvias e pouca dúvida haver sobre o prejuízo sofrido pelo Corinthians, apenas a Gazeta Esportiva se dignou a dizer que a arbitragem foi "polêmica". Nos outros textos, olímpica indiferença. Apenas as TVs alimentaram a discussão, já que o tempo dos seus vazios programas esportivos precisa andar. No mais, deram as batatas ao vencedor e bola pra frente.

O assunto só ressurgiu na repercussão, com muitos verbos no condicional para fingir imparcialidade. Uma imparcialidade que apenas reforça o desquilíbrio.

No pior ano da sua história, 2007, o Corinthians frequentou as páginas policiais tanto quanto as esportivas. Sendo assim, é natural que haja desconfiança com exigências e reclamações vindas de um clube que ainda não se limpou das mazelas que o mancharam. Mas tudo tem limite. Se esse tratamento da mídia não é justo com clubes de menor importância, cujas reclamações sempre foram tratadas com desdém, ele é ainda menos justo para com o clube mais importante do Brasil, que move milhões de pessoas --a seu favor e contra ele-- como nenhum outro destas bandas. E ponto.

É esse descrédito que ajuda os desocupados como Sálvio Spinola, um árbitro trapalhão há pelo menos um ano, a não se incomodarem com cobranças muito justas feitas por um clube tão importante que leva a atenção de primeira divisão mesmo na segundona. Assim como aconteceu em 2007, errar contra o Corinthians não pode se tornar motivo para referendar a suposta isenção de árbitros de todo o país.

Os lances ditos polêmicos do clássico nada têm de polêmicos. Nem de interpretação. São lances absolutamente claros e que apenas um árbitro indolente ou mal preparado não acertaria. No clássico São Paulo 0 x 0 Corinthians deste ano, Salvio anulou um gol do são-paulino Adriano porque viu falta dele sobre William. Houve discussão. Mas quem é que discute que Kleber Pereira empurrou Carlão? Quem discordou que o gol de Fabinho deveria ser validado?

Polêmico coisa nenhuma.

O clássico foi um garfo nas costas do Corinthians.

E só.

3 comentários:

Anônimo disse...

O Corinthians foi garfado mesmo, mas a primeira frase está errada: "nunca-antes-neste-país" coisa nenhuma, cara-pálida! O empate do São Paulo com o Corinthians (apitado pelo mesmo Sálvio, não?) foi um escândalo!

A arbitragem desse Paulistinha é das piores da história.

Anônimo disse...

Sabe qual o problema de Corinthians e São Paulo? Não tem um Jorge Preá para chamar de seu.

Unknown disse...

O Fábio tem razão, na verdade no jogo Timão x SPFC, foi uma roubalheira, o São Paulo já deveria ter 2 jogadores expulsos na primeira etapa, Dagoberto não foi nem ao menos verbalmente advertido por mais uma de suas gloriosas interpretações (e tem quem ache que o Valdivia é quem mereça o Oscar) e Rogério Ceni que após o jogo falou em som alto e claro para as principais redes de rádio e TV do país que o Sálvio era ladrão, também ficou no dito pelo não dito. O resultado da vila embora tenha sido comemorado pelos santistas, só beneficiou um clube, que por sinal não é alvinegro, mas sim tricolor.