Os idiotas sempre foram maioria, convenhamos. Mas nunca como nestes nossos obscuros tempos tantos deles descobriram que poderiam controlar o mundo. Foi isso que me veio à mente depois de ler uma reportagem da Revista da Folha de S.Paulo que trata das palestras motivacionais proferidas por ex-dirigentes e policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Para quem não se lembra, o Bope é aquela corporação policial do Rio de Janeiro diversas vezes acusada de usar a declaração dos direitos humanos como papel higiênico. E de promover execuções sumárias, torturas e delícias que fariam as Farc corar de vergonha.
Ex-capitão da entidade que ganhou notoriedade mundial por conta do filme "Tropa de Elite", Paulo Storani ganha até 10 mil reais para motivar vendedores de seguros, executivos, bancários e o diabo a quatro, diz a reportagem. E isso permite a ele levar posters de caveirões, símbolo maior da corporação, com slogans robertoshiniashikicos como "Missão dada é missão cumprida" ou "Vá e vença". Ou encerrar seus discursos cobrando de todos o grito de "Eu sou caveira!" Alguns suspeitam que estão assistindo ao embuste do século, mas a maioria apenas se empolga.
Para justificar o sucesso de um evento tão desumanizador e consagrador da violência pela violência e da nossa estupidez terceiro mundista, nada melhor do que citar dois espécimes que viram e aprovaram a exposição do senhor Storari.
Eis Patrícia Olivani, coordenadora de vendas de seguros do Unibanco AIG: "Nas palestras, fazemos uma auto-reflexão, buscando as características do 'caveira' dentro da gente".
Mas é claro, Patrícia! Assim como o Bope enche os vagabundos de chumbo, um bom vendedor vai encher os vagabundos de seguros de todos os tipos. Afinal, ela é brasileira e não vai desistir nunca. E aprendeu direitinho com o ex-capitão do Bope que alguns desafios podem ser mais perigosos, mas todos podem ser caveira.
Fiquemos agora com Gustavo Rosset, diretor comercial da Rosset Têxtil, dona da Valisère. Ele se inspirou na linguaguem do capitão Nascimento, anti-herói do filme, para tratar os seus funcionários.
"Na empresa, a gente agora só se chama por número", comemora.
Esse com certeza merece ser chamado de zero zero. É o número que combina com a capacidade de julgamento que ele tem.
Não tem jeito, a cada dia a máxima se confirma.
Só existe uma coisa neste mundo que não tem limite: a burrice.
Mudamos (01/16)
Há 8 anos
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