terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Dançando com a chuva

Eu moro numa travessa da avenida Nazaré, em São Paulo. Esta região já foi reconhecida como o local mais infestado por revendedoras de automóveis na cidade. Ainda me incomoda o fato de encontrar mais concessionárias por estas bandas do que padarias, farmácias e qualquer coisa que não cobre IPI. Mas realmente não esperava um dia ouvir um relato como o da minha irmã ontem, segundo quem as chuvas pesadas fizeram o Ford Ká da vizinha quase entrar pela janela da minha casa, encravada no fim de uma pequena vila. Até assim a Anfavea afeta a minha vida.

Aliás, obrigado à prefeitura do tio Kassab por se preocupar!

Mudamos para cá em 2003 e nos alertaram que o lugar corria risco de virar um aquário porque havia várias construções ao lado, que acabavam espalhando areia pelos bueiros e entupindo tudo. A primeira vez em que testemunhamos uma quase cheia foi em 2004, o que levou grande parte do bairro a votar contra a prefeita Marta Suplicy que pouco ajudou a resolver o problema do Ipiranga com as chuvas. Ouvi vários dos meus vizinhos reclamarem sobre a falta de ação da prefeitura e concordei plenamente com as críticas.

Eis que cinco anos depois o mesmo lugar foi praticamente arrasado, com ainda mais lama entrando nas casas, e a prefeitura só deu as caras no meio da madrugada para remover umas porcarias da rua. Mas ninguém cobrou o subprefeito nem a prefeitura com a devida veemência. Parece que a falta de planejamento para crises desse tipo que existia há cinco anos se manteve, mas hoje o problema é a natureza, enquanto naquela época era a prefeita. Adoro gente com critérios claros. Enquanto isso vamos aqui dançando com a chuva. Dançando até o chão cheio de lama.

3 comentários:

Sil S. disse...

Sou da opinião que parte dos problemas com enchentes poderiam ser minimizados se as pessoas fossem menos sem-noção. Começando por remover o entulho para lugares adequados e não empilhar material de construção por aí onde vento traz, água leva. Isso sem contar o básico, como não jogar lixo na rua e separar material orgânico dos recicláveis, evitando sacos devassados espalhando porcaria pelos bueiros.

M.S. disse...

No Ipiranga o problema não tem nada a ver com isso. Há décadas o bairro enche. Falta um piscinão que contenha o riacho e não atrapalhe a av Ricardo Jafet. O problema é a questão da prioridade. Estou em um bairro que não está entre elas. Tanto que há décadas tem gente que perde tudo e a história continua.

Sil S. disse...

Sinceramente, acho que piscinão tá longe de ser a melhor solução pras enchentes. Vide Água Espraiada.