terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Marketing esportivo é o cacete

Matéria da agência espanhola Efe conta com declarações do agente Wagner Ribeiro --vale um registro, mas é recomendável a cautela com a fonte-- dizendo que seu ex-cliente Kaká teve em 2002 a contratação vetada por dirigentes do Real Madrid.

Na época, o jovem já tinha decidido torneios importantes e figurava entre os selecionáveis. No entanto, os madrilenos disseram que se bastavam com o genial Zidane e esforçado Figo, segundo Ribeiro. Ambos jogadores perto dos 30 anos.

O Real, sempre de acordo com Ribeiro, não pagaria mais do que 7 milhões de dólares pelo futuro astro brasileiro. O mesmo que na época era pior do que o atacante corintiano Gil, na visão do já folclórico e quercista Antonio Roque Citadini.

Hoje Kaká vale tranquilamente 100 milhões de euros. O Milan o comprou por pouco mais de mais de 7 milhões de dólares e deu tempo para o craque surgir. Uma bela jogada de futebol, que depois virou marketing.

Parece muito lógico investir no talento para obter resultados e depois, publicidade.

Mas a lógica invertida do Real Madrid galático rendeu dinheiro para muita gente. E voltou a pegar os falidos clubes brasileiros nesta temporada.

Fala-se na Máquina do Fluminense, o ressurgimento do Palmeiras forte e no São Paulo campeão do mundo de 2008 por antecipação. Mas de bola boa até agora não veio nada. E os exemplos de arremedos galáticos grassam, travestidos de boa governança.

O Flamengo deve 200 milhões de reais, mas pensa em Ronaldo. E ainda ganha patrocínio da estatal Petrobras. Dá-lhe, Kleber Leite!

O Palmeiras diz que receberá 19 milhões de reais de patrocínio, mas a desconfiança forte é de que o valor não é nem a metade disso. Valeu, J.Hawilla!

O Fluminense passou a pré-temporada cogitando estrelas mil e terminou com Gustavo Nery, Dodô e Leandro Amaral. Unimed mata a pau!

O São Paulo diz que o atacante Adriano recebe menos que o goleiro Rogério Ceni. E contrata Carlos Alberto, para mostrar que o seu centro de recuperação pode tudo. Isso é que é diretoria!

O Grêmio deve mais de 100 milhões de reais e pensa em trazer o argentino D'Alessandro. O Atlético-MG pensou no argentino Gallardo.

Me enganem que eu gosto.

É essa esquadrilha da fumaça que faz o Kaká ir para a Europa por dinheiro de pinga. Administram mal e se vêem obrigados a vender todo e qualquer jogador que tenha uma proposta razoável. Não seguram ninguém, porque têm de abdicar de bons jovens para trazer refugos da Europa, que fizeram sucesso nestas bandas há tempos e tempos.

Ou ainda entram na onda de contratar sul-americanos. Mas como são chiques!

Tudo para dar ao marketing uma vitória sobre a bola, igual ao que o Real Madrid fez com seus galáticos. E exatamente o contrário do que o Milan fez com Kaká.

Nestas bandas, eu já perdi a esperança de ver bons jogadores ficarem por muito tempo. Por isso, acho que a gente deveria incentivar que os jogadores medianos sejam metrossexuais e que os melhores fiquem bem feios e antimarqueteiros, iguaizinhos ao Rivaldo --pelo menos na postura.

Quem sabe desse jeito a cartolada fica feliz vendendo modelos ruins de bola pro exterior e gente fica com chance de ver times fortes de verdade, sem essa pataquada marqueteira do nosso dia-a-dia.

Até porque no Brasil só aparece quem joga bola.

Os europeus é que podem gastar fortunas e não ganhar títulos. Para eles já está bom vender camisa na China e excursionar pelo Oriente Médio com jogador com cara de menina. Eu prefiro futebol.

2 comentários:

Mau Svartman disse...

E o Corinthians, que deve 96 milhões de reais e contrata todo mundo que vê na frente?

Anônimo disse...

Concordo com vc... Viajar é melhor, mas eu prefiro futebo. Cansei de ler sobre este ou aquele jogador que vale X+ 30 milhões... Queria que o futebol deles valesse tudo isso. Raras excessões, é só preciosismo.