
O desconhecido zagueiro do Birmingham, em um lance fortuito, participou da mais horrenda cena do futebol mundial neste ano. O carrinho que ele deu no atacante Eduardo da Silva fez com que o jogador do Arsenal corresse risco de perder o pé, tamanha foi a gravidade da fratura que sofreu.
Mas isso nem de longe serviria para uma campanha midiática tão grande contra o jogador menos famoso, que até ameaça de morte sofreu.
O fatídico lance aconteceu na semana passada aos três minutos de jogo, quando Taylor deu um carrinho que fraturou a perna de Eduardo. Foi expulso apenas depois de o juiz da partida ver a perna quebrada do brasileiro naturalizado croata.
Mas ninguém parece ter estranhado o fato de os jogadores e o árbitro só se darem conta da gravidade do incidente depois de verem a lesão sofrida pelo atacante do Arsenal.
Até ali ninguém tinha ido para cima do zagueiro do Birmingham. Ninguém foi para cima do juiz na hora, como acontece em casos típicos de expulsão. Apenas fizeram isso depois de ver a perna de Eduardo, arrebentada. Mas todos viram que Taylor se condoía pela lesão do colega e é nítido que deixaram de pressioná-lo por isso.
Os jornalistas não repararam.
Não bastasse isso, os jornalistas não esfriaram a cabeça para relatar o incidente depois de se fazerem perguntas óbvias.
Uma delas é: "Quem é que em consciência plena correria o risco de prejudicar o time com uma entrada "criminosa" aos 3 minutos de jogo?" Outra delas seria: "Quem faria isso em um lance na intermediária, só para quebrar um colega de profissão?"
A única coisa que não se teve na hora foi dúvida. A fratura era exposta e o culpado, único.
O próprio Eduardo, no entanto, desmente. Diz que foi claramente um acidente de trabalho. Não viu maldade no adversário. O técnico do Arsenal, que primeiro acusou Taylor de praticamente cometer um crime, voltou atrás. O zagueiro cansou de dizer que foi um acidente e pediu dez mil perdões pelo sofrimento que ajudou a causar.
Só a mídia toda não voltou atrás.
Ainda defende prisão perpétua para o zagueiro. Como se isso significasse defender o futebol de verdade, aquele que só os comentaristas e repórteres esportivos podem conhecer.
Eles teriam toda a razão em fazer isso. Se não houvesse um pequeno impecilho, um probleminha com a tese deles.
Um probleminha chamado realidade.